Hortaliças proteicas convencionais e ora-pro-nóbis
- Raissa Gvozdar Schreiter
- 16 de mai. de 2017
- 3 min de leitura
O status, a praticidade dos alimentos industrializados entre outros fatores, desincentivam a população brasileira a consumir o que vem da natureza. As gerações mais novas tem um paladar pouco aguçado para o natural, rejeitam muitas das opções de frutas, verduras, e pouco conhecem sobre seus valores nutritivos.
Hortaliças herbáceas proteicas nas dietas sem proteína animal
As hortaliças, como o próprio nome diz, são provenientes de plantações, ou hortas. Mais especificamente as hortaliças herbáceas, comemos a parte visível acima do solo: folhas e caule.
De acordo com a nutricionista Kelly Anne Vieira, profissional do Espaço Nutrir, todas as hortaliças da cor verde-escuro possuem proteínas em sua composição. Entre os exemplos de hortaliças com valores consideráveis de proteínas estão o espinafre, a couve e a ora-pro-nóbis.
Segundo a biomédica Roberta Baltazar que realizou um estudo sobre o teor de proteínas existentes nessas três hortaliças, a diferença entre as proteínas de origem animal e as proteínas das herbáceas (de origem vegetal) é a quantidade de aminoácidos que compõem cada tipo. "Basicamente, nos [alimentos] de origem animal, os [aminoácidos] essenciais ao nosso organismo se encontram em alta quantidade, ou seja, [esses alimentos] contém um alto valor biológico. Já os de origem vegetal, contém uma quantidade baixa de aminoácidos essenciais ao nosso organismo, ou seja, um baixo valor biológico", explica.
Na opinião da biomédica, o vegetarianismo e o veganismo tem contribuído para que as hortaliças também sejam valorizadas enquanto fonte de proteínas. "Com o passar dos anos e com o número de pessoas veganas e vegetarianas aumentando, acredito que já estamos mudando [para uma] vida mais saudável, onde se acrescenta as hortaliças [na rotina]", diz.
Segundo a nutricionista Kelly Vieira, uma dieta vegetariana tem plenas condições de atender às necessidades proteicas do corpo. Para isso, basta que essa dieta seja diversificada. "O aminoácido que falta em um alimento, provavelmente terá em outro e, dessa forma, com a junção de dois [ou mais] alimentos proteicos de origem vegetal, teremos uma proteína completa", afirma.
Adotar hábitos vegetarianos ou veganos também não está relacionado necessariamente à deficiência de vitamina B12 no organismo. Conforme explica Vieira, "a concentração de B12 depende da saúde intestinal do indivíduo, pois a B12 é sintetizada pelas bactérias intestinais". A nutricionista disse receber frequentemente em seu consultório pacientes que consomem carne todos os dias em grande quantidade e sofrem de disbiose intestinal, os níveis de B12 estão deficientes. "Também não adianta seguir uma alimentação vegana desregulada e cheia de aditivos químicos e alimentos industrializados", esclareceu. Ela pontua que o importante é que, independentemente da dieta de cada um, os níveis de vitamina B12 sejam frequentemente acompanhados com auxílio de um médico.
Ora-pro-nóbis: uma fonte de proteínas pouco conhecida
Silvana Soares, jornalista de 42 anos, contou que no interior de Minas Gerais, onde ela mora, a ora-pro-nóbis é chamada de "carne dos pobres". De acordo com Vieira, essa hortaliça é composta por 20% de proteína.

No sitio da mãe de Silvana cresce o arbusto da ora-pro-nóbis que, embora seja pouco conhecida nas grandes cidades, é bastante comum no meio rural. "Era muito cultivada nas roças", afirma a jornalista. O local mais provável onde a ora-pro-nóbis pode ser encontrada para vender são as feiras orgânicas.

Silvana está acostumada a incluir a hortaliça em suas refeições. "Gosto de fazer ela pura para comer com angu e arroz com feijão, mas dá para fazer outras receitas. Sempre faço com bastante alho, cebola e tempero verde", disse. E acrescentou: "Ela é muito saborosa e lembra um pouco a couve".
FOTOS: SILVANA SOARES
Comments