Frutas: saudáveis e sustentáveis, quanto mais, melhor

Consta no Guia Alimentar para a População Brasileira, emitido pelo Ministério da Saúde, que pesquisas recentes tem demonstrado a existência de várias compostos químicos benéficos nos alimentos, destacando-se a presença daqueles com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias em frutas, legumes, verduras, castanhas, nozes e peixes. Segundo o documento, esses alimentos devem ser mais consumidos do que os industrializados. Não seguir essa orientação causa um desequilíbrio na oferta de nutrientes e ingestão excessiva de calorias.

FRUTAS EMBALADAS PARA VENDA NA FEIRA DE ORGÂNICOS.

As frutas estão entre os alimentos que auxiliam na prevenção de doenças

O consumo principalmente de frutas, verduras e legumes protege o organismo contra doenças do coração e certos tipos de câncer. Ingerir a fruta in natura, ou seja, da maneira como foi retirada da natureza, ou minimamente processada (quando passa por algum processo de limpeza, fracionamento, moagem, fermentação, secagem, pasteurização, congelamento entre outros similares) é importante, pois as combinações de seus nutrientes e demais compostos químicos são o que de fato previne o aparecimento de doenças. A prevenção, por sua vez, não é tão eficaz com o uso de medicamentos ou suplementos que contêm os nutrientes individualmente.

É recomendável consumir frutas em excesso?

O vídeo intitulado "How fruit is too much?" (Que quantidade de fruta é demais?) foi publicado no portal NutritionFacts.org em abril de 2015. Ele mostra dados de pesquisas e testes relacionados ao consumo "excessivo" das frutas, visto com desconfiança por nutricionistas, pois elas contêm frutose, que, se consumida em altas doses, é prejudicial à saúde. Nos últimos minutos do clipe o narrador explica os resultados mais recentes: o grupo de testes que consumiu grandes porções de frutas, 20 por dia - o equivalente em quantidade de frutose a oito latas de refrigerante - não sofreu impactos negativos no peso, pressão sanguínea ou triglicérides, mas teve uma redução no nível de mau colesterol. Isso porque a frutose é ruim somente quando adicionada de maneira artificial a algum alimento como, por exemplo, aos industrializados. As frutas, no entanto, contém a frutose naturalmente em sua composição. Logo, foi constatado que comer uma grande quantidade de frutas não é prejudicial, mas tende a ser benéfico.

Dar prioridade às frutas na dieta pode proporcionar mais qualidade de vida

Eduardo Corassa de 32 anos é vegano frugívoro, chefe de cozinha, nutricionista por formação, escreve livros sobre alimentação saudável, ministra palestras e produz vídeos para o Youtube. Ele só ingere alimentos crus, prioriza em sua dieta frutas e vegetais e explica o motivo. "Por ter conhecimento cientifico de que somos animais frugívoros. Compartilhamos 99.3% do nosso material genético com os primatas antropoides. Só começamos a cozinhar grãos e produtos de origem animal no período neolítico há 10 mil anos. [Aprendemos a] comer alimentos não adaptados a nossa espécie. Frutas e vegetais na ciência epistemológica são os alimentos mais positivamente correlacionados a redução de morbimortalidade.".

O vegano tentou definir a sensação que vive por cultivar hábitos frugívoros. "Indescritível, me sinto mais conectado com a natureza, mais empático a tudo [o que é] vivo, mais feliz, mais inteligente, mais forte física e emocionalmente. É como se eu não soubesse quão boa é a vida até os 22 anos quando adotei [o frugivorismo]. [Como se estivesse] andando nas nuvens!", concluiu.

O que é a sazonalidade e por que respeitá-la

As frutas são provenientes da natureza, logo, fazem parte de ciclos e necessitam de condições adequadas para seu cultivo. A sazonalidade é a popularmente chamada "época" das frutas, o período ideal para sua colheita, de acordo com as condições favoráveis do clima, incidência de luz solar e temperatura.

Corassa disse ser a favor de consumir as frutas colhidas no tempo certo. "Sigo a sazonalidade. Elas são mais nutritivas e gostosas assim, precisam de menos químicos para gerar de forma adequada.", explica.

UMA MENSAGEM DO AGRICULTOR EM FRENTE A SUA BARRACA NA FEIRA ORGÂNICA DO PARQUE ECOLÓGICO DE CAMPINAS (SP).

Consumo de frutas orgânicas: consciência social e sustentável

O Guia Alimentar para a População Brasileira baseia suas orientações não somente no quesito nutritivo, mas valoriza a cultura, distribuição de renda do país e visa a sustentabilidade.

O documento menciona que muitas das técnicas atuais de produção alimentícia tem afetado negativamente a distribuição de renda, a geração de empregos no setor agropecuário, são desfavoráveis à autonomia dos agricultores, não prezam pela preservação dos recursos naturais, pela biodiversidade e pelo fornecimento de suprimentos seguros ou saudáveis. Portanto, recomenda-se que a população privilegie alimentos cultivados de forma sustentável social e ambientalmente. Em outras palavras, produtos orgânicos.

De acordo com a Circular Técnica de Nº 64 emitida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o cultivo de frutas orgânicas é cuidadoso desde o preparo do solo. O que faz diferença, inclusive, nos teores de nutrientes.

Quaisquer práticas agrícolas modificam o ecossistema (ambiente natural) e dão origem a um agroecossistema. Para que este se mantenha equilibrado é necessária diversidade. Ou seja, nele devem coexistir vários tipos de plantas e animais, para que possam interagir de modo a evitar pragas e doenças na plantação. É por isso que o agricultor orgânico não tem a necessidade de utilizar sementes transgênicas, fertilizantes químicos entre outros artifícios que contaminam a natureza ou modificam as propriedades dos alimentos.

As frutas orgânicas também tendem a agradar ao paladar, pois o sabor é mais acentuado de acordo com a característica de ser doce, amarga, azeda, ardida. Para Eduardo Corassa, consumir orgânicos tem “muita diferença, é mil vezes melhor. Mas o ideal é colher [o fruto] maduro diretamente da árvore.”, conta sobre a experiência de ter uma plantação de árvores frutíferas em seu terreno.

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